Raquel Machado Gonçalves Campos

Anonimato e pseudônimo: produção, circulação e recepção de textos literários no Brasil - século XIX

O objetivo do projeto é analisar o regime de publicação anônima e pseudônima na literatura brasileira do século XIX. Procurando-se ir além da constatação geral de que os autores disfarçavam-se por meio da supressão ou substituição de seu nome próprio, examina-se tal regime no interior da história da função autor nos textos literários, e segundo quatro eixos principais. Em primeiro lugar, trata-se de compreender os usos e funções do anonimato e do pseudônimo para os autores que deles se serviram. Em relação com isso e atento à principal explicação dada para esses dois fenômenos, investigam-se seus laços com o estatuto social do escritor no Brasil, segundo a a hipótese de que a recusa de assinar os textos devia-se à falta de legitimidade da atividade literária. Deslocando o problema de uma questão sociológica para uma mais propriamente literária, trata-se também de compreender as relações entre publicação anônima e pseudônima e os diferentes gêneros literários do romance, do conto e da crônica. Finalmente, seguindo a perspectiva da história cultural da escrita e da leitura, procura-se compreender as possíveis relações com o suporte e os impactos desse regime de publicação na leitura e interpretação das obras literárias.

 

Cor e identidade racial nas biografias de Machado de Assis (1917-2006)

O objetivo deste projeto é analisar como os elementos cor e identidade racial foram tratados em seis biografias sobre Machado de Assis: "Machado de Assis: curso literário em sete conferências na Sociedade Artística de São Paulo" (1917), de Alfredo Pujol; "Machado de Assis, estudo crítico e biográfico" (1936), de Lúcia Miguel Pereira; "A vida de Machado de Assis" (1965), de Luiz Viana Fillho; "A juventude de Machado de Assis" (1971), de Jean-Michel Massa; "Vida e obra de Machado de Assis" (1981), de Raymundo Magalhães Júnior; e "Machado de Assis, um gênio brasileiro" (2006), de Daniel Piza. Trata-se ainda de buscar compreender as relações entre tais tratamentos e, de um lado, os paradigmas da crítica literária; e, de outro, o pensamento social brasileiro, tal como ambos se desenvolveram, ao longo dos século XX e XXI.