Memória e Temporalidades (2015/2)
Em um primeiro momento, trataremos da relação entre memória, história e temporalidade. A complexa relação entre memória e história envolve o debate em torno da experiência ou da sua historicização no momento em que a narrativa ganha o espaço público. Assim, segundo Ricoeur, todo escrito conserva o discurso e o converte em um arquivo disponível para a memória individual e coletiva. A memória transita do espaço individual para o público e reordena a leitura do passado. Nora adverte para o processo de aceleração do tempo e para a sacralização da memória e de seus lugares agora inabitados. No entanto, a memória resiste ao ordenar certa espacialização, conforme indicação de Aleida Assman. A retomada da memória como evidência redefine o debate sobe o passado. Paul Ricoeur refaz o complexo percurso – marcado por aproximações e distanciamentos, entre memória e história e esquecimento. Em um segundo momento, trata-se de estudar o modo como diferentes concepções de temporalidade se articulam à história do conceito de história. O surgimento do conceito de história como singular coletivo pressupôs, no final do século XVIII, a unificação do tempo histórico. Pretende-se estudar como, no interior dessa hipótese de R. Koselleck, articula-se a relação entre unidade e pluralidade temporal. No contexto do entre-guerras, a emergência da Escola dos Annales representou uma crítica às duas grandes concepções de temporalidade herdadas do século XIX. Conforme mostra J. Rancière, trata-se aí mais profundamente da constituição de uma nova compreensão do tempo histórico. Procuraremos compreender se, no interior dessa nova formulação, do lado da história das ciências, não se buscou, no mesmo momento, pensar em uma história constituída por trajetórias temporais singulares. Daí a importância de acompanhar a crítica de G. Bachelard à noção bergsoniana de duração e seu conceito de instante. Nos últimos anos, segundo F. Hartog, o presentismo teria se transformado na nova forma do tempo histórico. No núcleo dessa nova forma, a memória teria se tornado uma figura de incontornável importância epistêmica. Gostaríamos de compreender de que se trata essa memória e como ela se articula com uma compreensão da temporalidade histórica.
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2015.2 Memória e Temporalidades (Programa de Disciplina) | 209 Kb | 7d717297ef4f51d6cb31c0c010ed17e2 |