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Aula Magna do PPGH é notícia no Jornal da UFG

在 25/03/20 10:07 上。 已在 25/03/20 10:28 更新。

A matéria foi publicada pelo Jornal da UFG, para conferir o link original bastar acessar https://jornal.ufg.br/n/125161-historia-lgbtqi-e-tema-de-aula-magna-na-faculdade-de-historia.

História LGBTQI+ é tema de aula magna na Faculdade de História

Benito Schimidt foi o palestrante convidado pelo PPGH

Beatriz de Oliveira

“História LGBTQI+, história queer e outras balbúrdias” foi o nome dado pelo professor Benito Bisso Schimidt, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), para a aula magna do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade Federal de Goiás (UFG). O evento aconteceu no Auditório Lauro Vasconcelos, da Faculdade de História (FH) da UFG, no dia 09 de março.

Benito iniciou sua fala explicando que suas pesquisas dentro desse assunto estão inseridas dentro do campo teórico de conhecimento da disciplina história, e que ele discorreria sob essa perspectiva. Ele então indagou aos presentes quais imagens e sons vêm à nossa cabeça quando fala-se sobre história LGBTQI+. Bandeiras, arco-íris e imagens de paradas do orgulho LGBT? Músicas da Gloria Gaynor? “Tornar visível e audível são gestos que acompanham o movimento desde o seu início, e que repercutem com força na historiografia LGBTQI+, tanto amadora quanto acadêmica”, afirmou.

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Quais as imagens comumente associadas com o movimento LGBTQI+? Fotos: Carlos Siqueira.

E é contra a morte física ou simbólica que o movimento vem se insurgindo desde os seus primórdios. O professor declarou que, como aconteceu com outros campos que têm como foco movimentos sociais de grupos subalternizados, a história LGBTQI+ começou a ser produzida fora da academia, a partir de uma preocupação com a preservação dos vestígios das suas lutas, de modo que as lutas do passado pudessem servir como inspiração e incentivar ações dos militantes do presente. 

O médico e sexólogo alemão Magnus Hirschfeld, pioneiro nas lutas pelos direitos dos homossexuais, já manifestava essa preocupação. Em 1919, ele criou o “Instituto para o estudo da sexualidade” (Institut für Sexualwissenschaft), que continha uma biblioteca e um museu. “O interessante é que ele tinha essa preocupação com a memória. Ele dava destaque para apresentar identidades homossexuais e transgêneras, fazendo delas objeto de representação, aprendizado e discussão no espaço de um museu pela primeira vez na história”, explicou Benito. O instituto foi destruído pelos nazistas em 1933, mas serviu de inspiração para iniciativas posteriores em outros países.

Outras iniciativas mais consistentes de preservação  da história LGBTQI+ são o Museu da Homossexualidade (Schwules Museum), fundado em 1985 em Berlim e o Museu da História LGBT (GLBT Historical Society Museum), aberto em São Francisco em 2010. Na América Latina um destaque é o Museu Travesti do Peru, inaugurado em 2003.  “Essas iniciativas buscam fundamentalmente por meio de documentos escritos, imagens, objetos tridimensionais e muitas vezes registros de depoimentos orais, dar visibilidade a indivíduos que dificilmente teriam suas experiências valorizadas pelas memórias oficiais e até mesmo pelas histórias acadêmicas, constituindo recordações subterrâneas ou dissidentes em relação àquelas enquadradas pelas narrativas hegemônicas”, declarou Schimidt.

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O convidado Benito Schimidt, o professor Jiani Langaro e a vice-diretora da FH, Maria Lemke. Fotos: Carlos Siqueira.

No Brasil, uma das primeiras manifestações foi a fundação do jornal O Lampião da Esquina (1978-1981), que teve uma preocupação em preservar o que eles chamaram de “memória guei”. “Constatamos no jornal o desejo de preservar a história por meio de reprodução de fotografias antigas e de pequenas reportagens sobre fatos e personagens do passado dessa comunidade, incluindo entrevistas com pessoas mais velhas”, disse. Em 1986, João Silvério Trevisan publicou a obra Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade.

Nos últimos anos emergiram diversas iniciativas, como a criação em 2012 do Museu da Diversidade e o lançamento da revista Memória LGBT em 2013. “Portanto, tanto no exterior quanto no Brasil, emergiram iniciativas de preservação da memória ligada a essas dissidências sexuais, articuladas com a luta pelo direito dessas ditas minorias, e com o desejo de conferir visibilidade a esses sujeitos nas narrativas históricas e na memória coletiva” 

Segundo Benito, a maior parte do trabalho inicial inovador sobre o assunto se desenvolveu fora das Universidades. Mas no campo acadêmico, pode-se falar de duas grandes linhas teóricas que informam os trabalhos posteriores: a universalista, que identifica a presença de pessoas LGBTQI+ em todas as épocas e lugares, e outra inspirada sobretudo nos trabalhos de Michel Foucault, que percebe esse sujeito homossexual como uma emergência da modernidade. “Contra tudo e contra todos, ativistas e posteriormente acadêmicos deram dignidade histórica a sujeitos e experiências associadas à invisibilidade e ao silenciamento”, concluiu.

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Fonte: Secom/UFG