2005-Kátia Nazaré Costa Vasconcelos

Resumo: O estudo das relações entre história e memória produzidas no contexto das comemorações do centenário da Cabanagem é o objetivo central desse trabalho. Em 1836, as tropas lideradas pelo general José Francisco Soares de Andréa conquistaram a cidade de Belém marcando a derrota do movimento cabana. Decorridos cem anos, a sociedade paraense promoveu a comemoração daquele evento relembrando, principalmente, o movimento de pacificação liderado pelas tropas imperiais. O registro do movimento popular ficou subordinado a uma estratégia de pacificação da memória, responsável pela elaboração da identidade paraense. A historiologia paraense também consagrou a Cabanagem em suas páginas, destacando-se a obra pioneira de Domingos Antônio Raiol, Motins políticos publicado entre 1865-1890. Nesta obra História e Memória se encontram produzindo uma tradição historiográfica da Cabanagem. Os esforços foram centralizados nos estudos sobre memória, lugares de memória e a historiografia da Cabanagem  no século XIX, identificando a formação de uma memória histótica, cuja força simbólica impedui a visibilidade de outras lembranças capazes de elucidar a percepção dos próprios cabanos em relação ao movimento que marcou profundamente a história da região. A reflexão em torno da memória da Cabanagem pretente recompor o modo pelo qual se constituiu os suportes de uma identidade regional que fez da Cabanagem o seu centro, diluindo as tensões sociais em nome de uma representação epidérmica que, talvez por essa característica, se transformou em símbolo da identidade paraense.

Orientador: Prof. Dr. Noé Freire Sandes

Data da Defesa: 29.06.2005