2002-Souza Marcos

Autor: SOUZA, Marcos Spagnuolo de

Título: A Ocupação do Vale do Rio São Francisco: séculos XVII e XVIII

Resumo: A presente dissertação de Mestrado busca analisar a ocupação do Vale do Rio São Francisco, região que compreende os rios Carinhanha e Paracatu nos séculos XVII e VVIII. Parte do ponto de vista de que o ser humano deve ser considerado sob dois ângulos: em função de suas reações ao ambiente externo e também, pela maneira pela ele cria o seu ambiente, o que, por sua vez, dá origem a novas formas de consciência. Ao mesmo tempo em que transforma o seu meio ambiente, para atender suas necessidades, transforma a si mesmo. O trabalho trata da história do Vale do Rio São Francisco desde a chegada das expedições que buscavam riquezas minerais ou aprisionamento dos índios. Trata ainda, dos índios que ocuparam a região entre os rios Carinhanha e Paracatu. Através de um diálogo com a obra de Foucault, descreve a região, a sua descoberta pelos europeus, sua ocupação, enfatizando as expedições que chegaram ao vale do São Francisco e os principais núcleos de povoamento: o minerador no Rio das Velhas e no Rio Paracatu, e o núcleo dos que viviam nas fazendas de gado ao longo do Rio São Francisco, originários das expedições de extermínio dos índios. Evidencia que no Vale, desenvolveu-se uma economia dinamizada e não desligada dos interesses metropolitanos. Discute também a presença das Casa da Torre, da Ponte e de Matias Cardoso, e, posteriormente apresenta um estudo comparativo entre a zona dinâmica da mineração e a zona do sertão agro-pastoril. A abordagem prossegue com uma análise acerca do Estado colonial, suas divisões administrativas e as comarcas, visando compreender aspectos relevantes da presença dos agentes públicos no sertão de Minas Gerais. Procura mostrar que o poder se manifesta por uma infinita rede de relações. Nesse sentido, são apresentadas as concessões de sesmarias como parte das ações que visam a manutenção e controle do território. Finalmente, aborda a ação das missões que atuaram no Vale do Rio São Francisco. Tais missões são vistas como formas em que o poder disciplinar atua para fabricar um novo indivíduo, matando a cultura indígena, manifestando-se dessa forma, o poder da metrópole impondo verdades constuídas, utilizando a linguagem religiosa para atingirem objetivos delineados por fatores econômicos e políticos.

Orientador: Dr. Leandro Mendes Rocha (UFG)

Data da defesa: 31.05.2002