Marlon Salomon
Alexandre koyré e a escrita da história do pensamento
Nosso objetivo é estudar a concepção de história do pensamento de A. Koyré a partir de quatro eixos de investigação. Koyré insiste na importância da atualidade no estudo da história. Estabelece, assim, um novo estatuto para a relação presente-passado e transforma a compreensão da história como ciência do passado .Em segundo lugar, trata-se de compreender o objeto sobre o qual se exerce sua análise histórica. Seu esforço é o de reconstituir a base a priori histórica do pensamento. Daí a importância de seu conceito de revolução, que marca exatamente a transformação dessa base, com o qual o tema da descontinuidade é introduzido na historiografia. Em seguida, trata-se de estudar a contemporaneidade da constituição da escrita da história do pensamento com a Escola dos Annales. Duas atitudes distintas em relação ao tempo histórico nos permitem analisar essa constituição. Finalmente, trata-se de estudar um deslocamento importante operado por Koyré e que marcará uma parte importante da filosofia francesa na segunda metade do século XX: com ele, a filosofia é deslocada para os arquivos.
O problema da temporalidade histórica no pensamento historiográfico do entreguerras
O objetivo deste projeto, em continuidade com as pesquisas que venho realizando nos últimos anos por meio de uma bolsa de produtividade em pesquisa financiada pelo CNPq, não é reescrever essa história. Não se trata simplesmente de, no lugar de histórias isoladas, pensá-las em conjunto ou apresentá-las a partir de uma perspectiva globalizante e homogeneizante. Trata-se antes de estudar o que tornou possível a emergência de novas concepções e maneiras de escrever a história em domínios relativamente autônomos uns em relação aos outros. Trata-se de compreender as injunções epistêmicas que tornavam urgente renovar as metodologias e refundar os alicerces teóricos desses domínios. Não se trata, portanto, de uma história paradigmática ou da normalidade da ciência em um determinado período, mas de uma história do saber em suas fronteiras, do esforço de certas personagens epistêmicas em ampliar e reconfigurar os seus limites, em instaurar novas formas de normatividade epistemológica. Os(as) historiadores(as) e a historiografia aqui privilegiados serão aqueles de expressão francesa por razões que a própria estruturação deste projeto indicará a seguir – o que não me impedirá, entretanto, de abordar outras tradições teóricas e historiográficas, na medida em que isso mostrar-se necessário ou apresentar algum valor heurístico. Financiamento: COFECUB. Projeto aprovado: "O cânone transatlântico: circulação de ideias, temporalidades e historiografias conectadas (1945-68)”, sob a liderança do professor André Furtado (UNIFESSPA) e a EHESS é a instituição francesa parceira por meio do Centre Georg Simmel.