A construção da noção de sertão na literatura e nas ciências sociais por meio da análise das práticas e das identidades interculturais nas manifestações na música popular urbana do século XX.O curso contempla, numa primeira parte, a discussão da construção da noção de sertão na literatura e nas ciências sociais - desde o século XVI, quando a palavra aparece pela primeira vez na carta de Pero Vaz de Caminha, passando pelo século XVIII quando, com a interiorização da colonização, o sertão passava a ser visto de dentro. No século XIX, com a busca da identidade nacional, os ensaios de caráter sociológico e a literatura regionalista apresentam a noção de "dois Brasis", - um atrasado e rude, o sertão - outro moderno e civilizado, o litoral. A Semana de Arte Moderna, em 1922, localizará no primeiro a verdadeira identidade da cultura brasileira. A segunda parte do curso é dedicada ao estudo das manifestações do sertão na música popular brasileira: as primeiras gravações da chamada música caipira de raiz e o sertanejo romântico ou pop e a produção dos compositores regionalistas. A produção goiana será destacada. O tema também aparece na produção dos chamados grandes compositores da MPB. Do ponto de vista teórico, o curso refuta a idéia de pureza cultural ou identitária, trabalhando com a perspectiva de culturas híbridas, de identidades em constante processo de transculturação. |