Jiani Fernando Langaro
História, Memória e Cidade: Culturas, trajetórias de vida e lutas por direitos no Brasil Contemporâneo
O projeto tem por objetivo refletir sobre o contexto de crise da ditadura militar, de redemocratização e de instalação da nova república no Brasil, a partir do estudo do caso da cidade de Toledo-PR, com ênfase na investigação dos deslocamentos de ordem rural-urbana, da formação de novos bairros periféricos, do cotidiano, das maneiras de viver e trabalhar de suas populações, bem como dos movimentos sociais e lutas por direitos na cidade, entre 1970 e 2010. Sabemos, porém, que estes processos não se operaram apenas em Toledo-PR, pois esta cidade integra o contexto mais amplo da sociedade brasileira contemporânea. Assim, pretendemos também, com o auxílio dos projetos de pesquisa de orientandos, correlacionar a realidade pesquisada com as de outras cidades do país, no intuito de problematizar experiências urbanas comuns, no período.
Imigrantes e descendentes de italianos e de paraguaios na fronteira guarani: Um estudo sobre memórias, identidades e relações sociais nos limites do Brasil com a Argentina e o Paraguai na primeira metade do século XX
O projeto tem por objetivo discutir as relações entre história, memória, identidades e relações sociais construídas por imigrantes italianos e paraguaios e seus descendentes na “fronteira guarani”, assim designada a região limítrofe do Brasil com o Paraguai e a Argentina, na primeira metade do século XX. Os limites do país com seus vizinhos têm sido objeto de estudos das historiografias regionais paranaense e sul-mato-grossense, sob diferentes prismas, como o da história política, intelectual, das relações de trabalho e indígena. Muito se discutiu sobre a violência na fronteira e o trabalho de paraguaios e indígenas em condições análogas à escravização nas obragens, grandes latifúndios exploradores de madeira e de erva-mate nativas. Parte dessa narrativa já foi desmistificada pela historiografia, mas ainda existe espaço para novas investigações, como esta que ora se propõe. Dessa forma, se almeja problematizar as diferentes relações sociais estabelecidas entre imigrantes e descendentes de paraguaios e italianos na região fronteiriça. Para tanto, se faz necessário considerar os mais diversos aspectos das culturas e das maneiras de viver dos grupos sociais fronteiriços, sem reduzir suas existências ao trabalho e aos desígnios do Estado ou de poderosos obrageiros. Em termos de relações de trabalho, cabe refletir sobre as múltiplas experiências laborais vividas na fronteira por membros dos grupos sociais abordados nesta pesquisa. Por fim, também compreendemos ser necessário historicizar as memórias públicas e identidades regionais construídas na região fronteiriça sobre a presença de italianos e paraguaios (imigrantes e descendentes) nos processos históricos de formação dessas localidades. A complexa dinâmica que explicitamos parágrafos atrás revela que toda a situação conflituosa vivida na fronteira durante a primeira metade do século XX transpôs esse tempo e chegou ao presente como memória.