A ESTÉTICA BENJAMINIANA: RELAÇÃO ENTRE HISTÓRIA, EXPERIÊNCIA E LINGUAGENS ARTÍSTICAS

Em “tempos sombrios” creio não ser excessivo voltarmos aos escritos daquele filosofo, Walter Benjamin (1892-1940), que viveu as agruras do nazismo na Europa, principalmente no período de 1934 a 1940, ano de sua morte em Portbou – montes Pirineus fronteira da França com a Espanha. “Eram poucos os que ainda conheciam seu nome quando optou pela morte naqueles primeiros dias do outono de 1940 que, para muitos de sua origem e geração, marcam o momento mais negro da guerra” (ARENDT, 1987, p. 133). Benjamin em seu ensaio intitulado A obra de arte na época da sua reprodutibilidade técnica (1935), faz o delineamento do conceito de aura, suas consequências para a experiência estética e o valor do culto, estes que são os pontos cruciais no estudo da sua estética. Nas dezenove seções que compõem o texto é delineado o conceito de experiência, explicitando o tema e suas consequências em relação à perda da aura em detrimento das diversas formas e da própria reprodutibilidade técnica da obra de arte. Walter Benjamin traz uma contribuição inovadora e criativa para o pensamento crítico, em geral, e a perspectiva marxista, em particular. Assim sendo a presente disciplina objetiva compreender as relações entre história, experiência e estética a partir das perspectivas construídas na obra do intelectual alemão Walter Benjamim, especialmente quando o autor empreende análises acerca das linguagens artísticas, como a fotografia, literatura, teatro e cinema, bem como trata dos acontecimentos referentes às vanguardas artísticas e estéticas, ocorridas entre o final do século XIX e o subsequente. Os conceitos que nortearão os debates desse curso se referem à reprodutibilidade técnica, experiência e narrativa. Assim, oportuniza-se abordar os impactos da produção benjaminiana acerca das analises sobrearte, cultura e sociedade e as possíveis leituras da história sobre esses prismas enfatizados na escrita “esotérica” do respectivo autor, em que se articulam as dimensões histórica e estética do pensamento filosófico. Buscaremos, então, mostrar que sua concepção de crítica histórico-social gira em torno de noções como a de destruição de uma dada configuração factual dos fenômenos em seus elementos constitutivos, trazendo à tona a possibilidade de outra organização, e de interrupção de uma narrativa linear e oficial da história, que permita vir à luz uma história esquecida ou recalcada da perspectiva dos historicamente explorados.